A interpretação de exames laboratoriais é uma atividade de extrema importância na atividade clínica, já que a correta avaliação dos exames laboratoriais auxilia no reconhecimento de disfunções.
Atualmente, o exame laboratorial, que até então servia somente para confirmar problemas ou alterações, tornou-se o principal meio para encontrar as origens das doenças.
É essencial que o profissional que realiza as análises (farmacêutico, bioquímico ou biomédico) efetue uma correta interpretação de exames laboratoriais para correlacionar as respostas obtidas com o estado clínico informado. Repetir testes duvidosos para um controle de qualidade mais efetivo garante confiabilidade aos resultados.
Além disso, é necessário considerar que os pacientes aprenderam a questionar o significado dos resultados presentes em seus exames. Desta forma, o paciente conhece, mesmo que superficialmente, as respostas presentes em seus exames laboratoriais.
Hematologia Clínica: tem como função o estudo do sangue, seus distúrbios e doenças. Estuda seus elementos figurados como os glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas, além de estudar os órgãos onde são produzidos, como a medula óssea, o linfonodo e o baço.
Existem várias doenças relacionadas ao sangue. As mais conhecidas são a anemia, hemofilia e a leucemia. A anemia é uma patologia presente principalmente entre pessoas carentes de determinados nutrientes. Há também doenças com origens genéticas e também as causadas por alguns medicamentos. O exame mais conhecido do ramo da Hematologia é o Hemograma, que tem grande importância como medidor de infecções e de outras doenças.
Imunologia Clínica: é o estudo de patologias causadas por distúrbios do sistema imunológico, que protege o organismo de doenças. Ainda que o sistema imune seja muito complexo, certos componentes que o integram são facilmente detectados, como por exemplo, os anticorpos. As disfunções causadas por distúrbios no sistema imunológico são divididas em grandes categorias: imunodeficiência, em que partes do sistema imunológico não conseguem dar uma resposta adequada ao organismo (exemplos incluem a doença granulomatosa crônica), e auto-imunidade, em que o sistema imunológico ataca as defesas do próprio corpo (os exemplos incluem o lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, doença de Hashimoto e miastenia gravis). A doença mais conhecida que afeta o sistema imunitário é a AIDS, causada pelo vírus HIV.
A Bioquímica Clínica é responsável por investigar materiais orgânicos, como sangue e urina. Os resultados apontam alterações metabólicas responsáveis pelo desenvolvimento de doenças.
Múltiplos exames estão inseridos no campo da bioquímica clínica: avaliação de proteínas, aminoácidos, enzimas, lipídeos, minerais, eletrólitos, aspectos bioquímicos da hematologia, como o ferro sérico, hormônios, marcadores tumorais, líquidos orgânicos, substâncias do sistema hepatobiliar, dentre outros analitos, que podem ser analisados quantitativamente e/ou qualitativamente.
A identificação das doenças e as terapias apropriadas só podem ser estabelecidas com o emprego dessas análises. Atualmente, as investigações bioquímicas estão presentes em todos os ramos da medicina e fortemente inseridas nas relações médico-paciente. Exames mais conhecidos inclusos neste ramo são a dosagem de Glicose, Colesterol, Triglicerídios, Ácido Úrico, Uréia, Ácido Fólico, entre outros.
A Urinálise é o setor responsável pela avaliação da função renal. Na detecção das infecções do trato urinário, o Exame de Urina (EQU) é um elemento indispensável e amplamente utilizado pelos médicos. Como as infecções do trato urinário podem resultar em complicações mais graves, o diagnóstico precoce é de extrema importância.
O exame da urina verifica diversas patologias e monitora o progresso destas doenças no organismo. Permite acompanhar a eficácia do tratamento e também constatar a cura. Muitos consideram que o exame de urina avalia somente doenças renais, mas, com este exame pode-se analisar também o funcionamento do pâncreas endócrino, taxas de Diabetes Mellitus e o funcionamento do fígado.
Microbiologia Clínica: Este campo de aplicação está relacionado ao controle e prevenção de doenças e associado às práticas assépticas, antibioticoterapia, quimioterapia e imunização, bem como com a epidemiologia ou epizootiologia e os métodos de diagnóstico das doenças infecciosas.
O setor de Microbiologia dentro do Laboratório de Análises Clínicas desempenha um papel fundamental. Dentre suas principais atribuições pode-se destacar:
- isolamento e identificação de microrganismo envolvido em um processo infeccioso;
- determinação do perfil de sensibilidade aos antimicrobianos para uso racional dos antibióticos;
- vigilância de microrganismos resistentes a vários ou até mesmo a todos os antibióticos;
- fornecimento de dados epidemiológicos dos diferentes agentes etiológicos de infecção hospitalar e perfil de sensibilidade;
- suporte microbiológico na investigação de surto.
Parasitologia Clínica: compreende a análise das fezes e seus componentes. O Exame Parasitológico de Fezes (EPF) permite que seja feita a detecção dos parasitos de uma maneira seletiva, rápida e eficaz. Desta forma, orienta a administração de vermífugos específicos e efetivos para cada tipo de parasito, evitando uma possível resistência causada por medicamentos de amplo espectro. Pela avaliação da amostra fecal pode-se ter uma noção sobre a presença de gordura e alimentos não digeridos.
É importante que se tenha em mente que, assim como qualquer outro tipo de exame laboratorial, o ideal é que as amostras sejam coletadas antes do início de qualquer tratamento para evitar resultados falso-negativos. As chamadas doenças parasitárias ainda são responsáveis por um alto índice de morbidade em grande parte do mundo. Apesar do grande avanço tecnológico, do alto padrão educacional, da boa nutrição e de boas condições sanitárias, mesmo países desenvolvidos estão sujeitos a doenças parasitárias.
Hormônios: Os hormônios são responsáveis por regular diversos processos do corpo humano, como o crescimento, a reprodução, o sono, o controle de peso e a imunidade. Para isso, necessitam estar em harmonia para que possamos ter uma saúde plena. O sistema endócrino, como é chamado, é uma coleção de glândulas que secretam mensagens químicas, os hormônios. Estas mensagens caem na corrente sanguínea e irão fazer efeito em outro lugar do corpo.
As dosagens hormonais detectam inúmeros problemas ocasionados pela falta dos hormônios, bem como aumento, diminuição ou falta de alguns deles. Exemplos de investigações hormonais: alterações na Tireóide (Hipotireoidismo, Hipertireoidismo), confirmação da menopausa bem como alterações na menstruação, índice de Prolactina (hormônio que regula a produção de leite materno e a ovulação); o luteinizante (LH) que estimula a ovulação e a secreção dos hormônios sexuais; hormônios sexuais femininos e masculinos, dentre outros.